domingo, 6 de dezembro de 2009


Antiga escrita da arte do sangue
traz de volta o contentamento
que todos os dias a vida rouba.

Num túmulo escuro me conforto,
fui expulso dos 14 reinos e prossigo
uma mentira de paz aparente.

Tudo portas ao acaso, sem mistérios
a existência se arrasta em corrente,
passei uma década na janela
observando altruísmo e bondade.

Sonho consideráveis pesadelos,
quando tédio é uma constante,
medo é uma joia rara.

Não pretendo chegar a lugar algum, desisti das pretensões, não sinto essa obrigatoriedade de ser feliz, vejo-me a parte, na superior arrogância da solidão.
Meus dias seguem feitos de névoa vaga, sempre acabo antes dos momentos.
É a beleza angustiante de viver em fragmentos.
Num mundo feito de contrastes, uns nascem luz outros trevas, nada mais.
O projeto divino é cheio de falhas...

domingo, 29 de novembro de 2009

Não sou um deposito de ilusões,
posso discorrer sobre o orbe onde habitei
Sem que seja significação
Sem que seja duração
Sem que seja coração

Falha a gravidade, tudo pende, fora do ar.


Vontades desordenadas onde pequenos erros tornam-se acertos.

Quando pensei seu nome alguém do outro lado ouviu
os nevoeiros revelaram sua alma e toques amargos de obstinação
Não acredito, não me admiro, admito.
Mais uma vez, sentar e escutar, e espero.

É da tolice mais humana ajoelhar-se perante o que nos estimula a visão. Ciente, fecho os olhos e observo além sob os conselhos dos mestres Métis e Aión..
Já não desejo, destôo, deslizo, indefino...

Evasiva, não me apetece esse mundo descontínuo, inoperante, dividido. 

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O navio sombrio segue pela noite enquanto a vida precipita-se, esbarra e morre em pequenos conceitos.
Passageiros em cabines escuras idealizam o infinito, imaginando que um passo errado os levará ao abismo, ignoram sua prisão.
O amor é uma cilada. A felicidade é verdade adulterada.
Amizade são ratos e baratas que roem a nossa alma enquanto vemos televisão.
Para que a realidade dê lugar aos sonhos a paz é a solidão, drogas sintéticas e musica surreal.
O desejo é abstrato.

É triste viver aqui, para que um sorriso venha é preciso esquecer-se de si.
O que será pior: matar a alma para continuar vivendo ou matar o corpo para poupar a alma?
Essa vaga ideia de eternidade é um tormento, quanto tempo isso pode durar?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ancorou no velho cais pra reorganizar conflitos sem trazer ordem, não parta... As lembranças em desgosto.

E sentido inerte sem motivação alguma na incoerência de experimentar o caos e desejar apreender alguma coisa.

Remotas areias se libertam da ampulheta para escorrer entre os dedos na liberdade vertiginosa... Da queda.

Conhecemos o fim e provamos cada instante como um vício alucinante, a força do choque de noturnas tempestades opostas.
E uma graça melancólica nos lábios quotidianos onde o sol aponta.

domingo, 18 de outubro de 2009


Acre é a lágrima inexistente em um nó que não desata
Nessa linha de serpentes
na garganta... Mais um sorvo de atitudes rudes e pessoas de alma suja.
Ah! Uma cruz que já produziu calos,
Gostaria de não gostar
e tolerar decentemente as sombrias agulhas de gelo que atravessam o coração.

Ancestral batida pulsando... Vida ou qualquer coisa navegando nas "águas verdes do Lethe"

*"Hey you! Don’t help them to bury the light
Don't give in without a fight"


**a vela apagou. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Entusiasmo apaixonado, alucinações!
A real fantasia, fantasmagoria
Receio refletindo espelhos
É melhor não ser tão frágil,
pondero: “se me permito, submerjo”
E essas janelas caem o tempo inteiro
com todos os sentimentos profundamente abismos.

Disse o adeus e anoiteceram parições trazidas pelo demônio,
"é veneno velado" - cismo.

Em flashs a luz percorre aparições sorrindo, em tons graves infinitamente repetitivos, você os ouve rindo?
Sufocante batida que nunca termina... Celebro a juventude degustando morte.
Repito e ratifico: Prazer e dor estão no mesmo caminho.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sinto seus olhos, trevas do impuro, observam em silencio todas as lágrimas em pensamentos que esse triste cavaleiro já não mais derrama nesse mundo.

Noites dessas, em que as arvores sussurram pesadelos, são abandonados os viajores, peregrinos de linhas sem futuro.

Quando sentir então um grito percorrer a alma, observe atentamente como as coisas num repente se movem lentamente nas sombras que lhe cercavam.

Não há nada neste mundo que não seja fascinante, mais que as frases absurdas ou as letras que empilhamos em estantes.

Coisas ruins sempre acontecem sendo boas para alguém... e sobre isso estou sempre no lado B, mas não existe prazer sem um pouco de dor.

E o mortal inda empunha o antigo cálice (realmente) doce e amargo... Cada passo no improvável é um cortejo fúnebre de enleios - e velas para encaminhar os mortos. Dói? Por um desejo consentido eu já teria sumido, é o que digo.
Você foi luz quando só havia trevas, hoje a onda da escuridão volta violentando as fronteiras que sua claridade descobriu. Se eu tivesse lagrimas as derramaria, saiba, algo ainda dói em algum lugar e por isso abdiquei... De sofrer ainda mais um dia.
Por um lado vi encanto e por outro amargura, pacto de beleza obscura. Não se surpreenda se não choro, é que aprendi a esperar pela facada – inevitável – que num tardar a vida sempre talha.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009


Sigo vagamente, dia após dia, sem entusiasmo ou desejo, se penso não lembro de que ontem foram feitas paginas de um ano inteiro.
Brilhos incertos se extinguem no cinzeiro.
... Nada me enternece.
Se a dor invade a fantasia dá vida à anomalias.

Isolamento e sons de chuva são orações dispersas.

Simulacros de criaturas duvidosas são egos diabólicos de tudo o que se apresenta como gente, chacais que massacram almas por sadismo... Caricaturas gentis são as mais sórdidas.

Com inspirações tão tenebrosas não há arte que resista, e coisas terríveis surgem com nuances de cores que não podem ser vistas, pulsam musicas que não podem ser ouvidas e... Poesias que não deveriam ser lidas.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009



Lagrimas do coração não caem,
Percebe quem sente.
Quem sente?
A alma...

Dias são pequenos mundos
Que a noite têm fim.

Uma flor por dia.
Uma flor por dia.
Uma flor por dia...

E abandono...

Nessa casa de loucos
Somos socorridos por agouros
Do fim dos mundos vindouros.
Que preço para o horror
Num grito insano de dor...
Atmosfera cáustica consome
Em cinzas sonhos que brotam mortos.

Uma flor por dia...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Asilo a correnteza do destino e lhe desejo nas paginas dessa história. Ancestrais segredam que vim ao mundo para acomodar contornos e nas ondas mornas lenitivas reconstruir almas divididas.
Não afronte este ofício com gracejos, pois ele apresenta-se grave, sorrindo pontas e olhares acesos (entre meus mais densos receios).
Dias absurdos são os escolhidos para encarar demônios (que meus piores pesadelos perdem de longe).
Vagarosas sazões de noites escuras abrigam combates silenciosos e quando passam ninguém percebe quantos seres das trevas vieram e foram embora.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Quanto tempo tem o tempo
No tempo em que o tempo
Não vale um vintém?
Quanto tempo tem o tempo
Que tempera a cor do dia
Se está claro que na noite
O tempo todo choveria?
Quantos tempos têm um tempo
No tempo que não para?
Se de sonhos vive o homem
É a terra que o ampara.
Quanto tempo tem o tempo
Das pessoas que insistem em escrever?
E quanto tempo tenho ainda
Para ver o tempo que tenho
Escrevendo estas, perco o meu
E o seu tempo
Escrevendo todo o tempo
Que você acabou de ler.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O tolo o tempo todo perde a convicção.
Vermes corroem as sementes antes da arvore.
Existência insólita suspende sentimentos rotos.
Imensos precipícios entre vingança e destroços.
Majestades declinadas...
Lembranças esfaceladas...
Aroma de livros senis e madeira nova.
O pincel segue a nervura do violino.
Ébrios de vida...
Pérola liquida...
Aço esguio noturnamente cintila.
Curvas acariciando róseas fronteiras.
Cristal cheio de sabores plenos.
Questões correm profundas por acasos.
Longe brigam os gatos.
E mais silêncio e mais nada.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

red box...













Mais um animal humano no mundo... nu mundo...
como você...
e como! Ah, se como...
Se como no reino dos sonhos fossemos todos santos...


meu vegetarianismo-político me poda... É fo...
É fora de realidade, apenas.


Meu eu-ilícito acorda e se passo a língua os dentes são só pontas, sem contas, em noites nevoentas só confusão e ervas jovens e horas mortas, tudo coberto com orvalho fresco, não existem números pra tantos ossos... faltou comunicação... e cigarros.

Puro disparate... Ah! E a pureza! Essa é brutalidade intensa, de castidade e risinhos vergonhosos se constrói violência, não sejamos ridículos, ora.

Que a certa altura de escuridão nem o tempo nos devora... E você? ora? Implora?
Se lhe ouvem do outro lado, aconselho como amigo, que corra e se esconda.

Ah! É das faltas mais graves pronunciar palavras que não precisam ser ditas.
e tenho dito...

e como...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Soneto IV

Flutua a Esquina e bandolins feridos
Tocam sobre o silêncio das vielas
A sombra veste o bairro e seus vestidos
Dançam a valsa triste das janelas
Nos quartos as jangadas descem o rio
Tripuladas de mudos navegantes,
O sono fala a língua do arrepio,
E os livros sonham longo nas instantes.
O asfalto vai subindo pelas portas,
Tingem-se escadarias alumbradas,
E tudo é noite, seiva de horas mortas,
E tudo são canções apascentadas.
Apenas o silêncio no universo,
Soprando paina sobre a cor do vento



(Paulo Bonfim - Sudito da Noite)

É o silêncio...

O Silêncio
Pedro Kilkerry

É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.
Olha-me a estante em cada livro que olha.
E a luz nalgum volume sôbre a mesa...
Mas o sangue da luz em cada folha.

Não sei se é mesmo a minha mão que molha
A pena, ou mesmo o instinto que a tem prêsa.
Penso um presente, num passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das cousas... Comovido
Pego da pena, iludo-me que traço
A ilusão de um sentido e outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda êsse teu passo,
Asa que o ouvido anima...
E a câmara muda. E a sala muda, muda...
Àfonamente rufa. A asa da rima
Paira-me no ar. Quedo-me como um Buda
Nôvo, um fantasma ao som que se aproxima.
Cresce-me a estante como quem sacuda
Um pesadelo de papéis acima...
.........................................

E abro a janela. Ainda a lua esfia
últimas notas trêmulas... O dia
Tarde florescerá pela montanha.

E ó minha amada, o sentimento é cego...
Vês? Colaboram na saudade a aranha,
Patas de um gato e as asas de um morcêgo.

...black box.

O apego foi embora, me deixou... Assim é arriscado caminhar, preciso dessa força para me apoiar.
A noite escura é tão longa e o mundo um amontoado de coisas sem sentido.
Nesse jogo de cartas marcadas sou apenas um curinga, e de realidade minha taça há tempos está vazia.
As horas passam sem textura pelos dias e o mar morre em branquíssimas areias finas.
Esses pesadelos de espelhos trincados refletem mil vezes a agonia desfragmentando toda luz sem sintonia.
Desejo abstrato e sentimento descartável em embalagem individual com tampinha de alumínio.

Os egos se relacionam com propriedades distorcidas, as aberrações da estação à venda em cada esquina.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

... monde des rêves

Entregue aos braços do deus pagão que me despe a armadura e me desmonta a estrutura, de joelhos, ofereço minha devoção.
É meu dever à divindade, se foi sua respiração que me trouxe à vida, como se já não bastasse o atrevimento em despertar o antigo demônio em mim.
Lábios cautelosos entoam os sortilégios que unem mundos e labaredas grandiosas nessa clareira de meus dias!
Taça e lâmina em um só corpo, ancestral alquimia que o vinho refina, pulsando a música que seletas almas compartilham.
Unhas, dentes e carne! Ah, existe ferocidade sem um pingo de maldade....

;)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

a toa.

Às vezes...

Parece que tudo vai acontecendo sem que tenhamos tempo para elaborar uma opinião ou ter uma atitude decente, numa avalanche sem controle que nos engole e leva pra baixo.

Tudo simplesmente vem até você - e você tava lá parado, no seu canto - então existe a escolha: ignorar ou não.
E geralmente não ignoramos, pois ignorar nos priva de experimentar... E a curiosidade? E a sensatez?


Ha!... Sei lá, eu to ficando muito velha pra esse tipo de coisa... Melhor fechar a porta do armário antes que o bicho papão pule de lá...
Depressivo... É isso, uma palavra e mais nada.

Quando eu tinha 15 anos me diziam que era adolescia, "tiiiiiiiiiipico!", depressão, a raiva de uma ordem onde "justiça" é um ponto de vista, a vergonha em fazer parte de uma espécie que se julga pela cor da pele em um lugar onde fabricam sentimentos para serem quebrados... blá blá blá...

Pois bem, tenho 23 anos e sou ainda adolescente, muitas vezes me pego de frente ao espelho dizendo “isso vai embora com o tempo", e não raras vezes, em minha própria paranóia, me vejo às gargalhadas, rindo de mim mesmo, por pensar que isso passa.

É quando se olha para o céu para encontrar conforto na noite e nas estrelas e nos deparamos com uma Lua rindo... mas comigo? rindo de mim? Das ilusões? da eterna utopia "paz e amor"?

Ou apenas da liberdade...

as penas da liberdade...

se há...
Desarranjo emocional, nesse indissolúvel tempo de almas raras machucadas...
Tudo são contornos em ruínas sob os traços da sedutora mascara da maldade.

Mundo sujo mundo, vejo com a clareza de um delírio os sorrisos trincados e os sentimentos corrompidos grosseiramente esculpidos nas pedras de seus corações.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus...
É mar, porque não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! Noites! Tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!”

(Espumas Flutuantes)

domingo, 5 de julho de 2009

Ah! Senhores, trágico é saber que a chave estava o tempo todo ali enquanto eu procurava a porta.

Percorri caminhos, encontrei espelhos, encontrei três ou quatro janelas dessas com grades firmes, com paisagens relativamente mutáveis e tentei passar a minha cabeça a força por uma delas! Precisava tentar! Quando consegui demorei um bom tempo para sair...

Fiquei ali por um tempo, preso, vendo sempre os mesmos personagens.
Então, ainda meio entorpecido, olhei para trás e vi a mesa! E um livro e a chave...

*talvez o livro fosse a porta? Não... Portas têm maçanetas e coisas como campainhas, parede em volta...*

Quando me desentupi daquela droga de grade, com a força que fiz, fui direto pro chão! Doeu, demorei pra levantar, mas sacudi aquela sujeira velha e levantei, claro, não poderia ficar ali pra sempre, é chato ficar no chão...

Peguei a chave, abri o livro... Em branco. Mas que diabos!

vou procurar outra janela pra enfiar a cara!

sábado, 4 de julho de 2009

Tomando chá de hortelã que trocaria decididamente por café, mas nem sempre temos o que desejamos, não é?
Mas pode-se sonhar! Então, cá estou com essa água verde imaginando um café, e? Continua chá, não tem café!
Da pra imaginar o quanto de nossa vida, de nossa própria historia é inventado, criado pela alucinação? Pessoas, coisas, situações que moldamos de acordo com nossa necessidade de fuga da realidade.

Se de repente pudéssemos apagar todos os sonhos, e deixar apenas a realidade...

O que restaria?
Quem restará?

cito e concordo: "a arte existe para que a realidade não nos destrua" (Nietzsche)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Passo a vida costurando retalhos de sonhos deformados, a colcha do meu sono é feita de maldade e a noite que me embala destrói realidades.

É amarga a tempestade do seu sangue nesse dia, seu coração não valia nada e para mim menos ainda.

A minha paixão foi um jogo e fez de seu pranto uma piada eu estava lá quando sua dor transbordou a alma.

Matei anjos, quebrei mascaras, um a um, caíram as pedras de osso e seus pontos marcados.

É o preço por acreditar, abrir o espírito, deixar alguém entrar.

Vocês nunca acreditam que o mal pode existir, mas quando ele acontece não lhes dá tempo de fugir...

Arrependimentos são inúteis quando não existe quem os ouça, esqueça, estão todos mortos hoje nesse seu novo mundo sem passado... ou futuro.
Infinita e imóvel sinfonia é o som da dor que a alma aprecia alimentada e adorada pelo mal que nos abriga. Em um mundo morto onde os abortos de estúpidas ilusões nos aliviam.

Conforta-me o toque da morte nos sonhos, toda noite livra-me da esperança maldita.
A imundice é o que corre nas veias da carcaça moribunda do demônio em que caminhamos todos os dias achando que é vida.

O gozo do profano é celebrado no prazer mais puro que criamos, mas quando a consciência reclama sempre caímos de joelho pela redenção apocalíptica.

E no circulo deplorável da nossa condição humana nos orgulhamos de ser nada e ser menos ainda a cada instante.

Tendo inveja do quanto o outro pode ser mais desprezível criamos guerras por menos que a miséria que somos.

E grosseiramente fácil nos tornamos escravos da engrenagem que criamos.

[Eron, 2005]

domingo, 28 de junho de 2009

Eu queria ver o futuro próximo, gostaria de saber que decisão tomar, sei que quanto mais o tempo passa maior o perigo. Gostaria de entrar em uma caverna e ficar lá por alguns meses, gostaria de não falar com ninguém por algum tempo.

Gostaria de me sentir a salvo sem precisar me defender o tempo todo, sem essa tensão.

Tenho vontade de me encantar com a beleza sem medo que ela me cause dor...

Não gosto da ordem desse mundo, não quero aceitar as leis, me sinto um esquisito no meio de coisas que nunca vão sentir-se a vontade comigo. Sempre que falo, preciso de tato para lapidar palavras, para não assustar.

Quando eu sinto a tristeza e a solidão no outro me identifico prontamente e tenho vontade de protegê-lo e guardá-lo. Sou da raça dos perdidos e loucos.

Não posso falar de Deus. Será que Ele me fez assim? O que será que me deixou assim?

Sinto que minha vida não tem propósito nenhum a não ser o de procriar e morrer, mas eu luto com todas as minhas forças contra essa idéia, e essa interminável guerra às vezes me sufoca. Mas eu vou lutar sempre, vou lutar sempre... Com todas as minhas forças, até a morte.

Apesar de tudo me dizer que estou errado e ser uma luta desleal, sinto que o caminho que escolhi me levará pra casa, longe daqui, pode ser uma ilusão... Mas essa ilusão é o tudo o que tenho, agarro-me a ela como a um corrimão que me guia pra frente. Se for pra ver beleza onde só existe tristeza, vou me sentar e acariciar a escuridão, e me preparar para lutar pela liberdade de dizer “não” para o que não queremos, seja contra a natureza, seja contra Deus, seja contra a luz.

Não existe só uma verdade. Eu creio... Creio nas possibilidades para a liberdade, quero que as asas se abram e os anjos renegados levantem seus olhos para o orgulho e respirem a alegria, sem culpa, sem correntes, sem dor, sem torturas. Sei que não sou o único. As lágrimas de sangue que engolimos nos fortalecerão. De peito aberto, tiremos nossos joelhos do chão, será que todos os filhos devem sempre seguir o mesmo caminho dos pais? Não importa, minha resposta é “não”.
Moro longe da civilização,
minha sombra nasce em outra era
A trova da minha natureza não canta
Mortes trágicas de donzelas!
A poesia pulsa descompassada nas veias,
com a fumaça sobe rosas ao ar,
e as borboletas são por nossa conta!
Nos lábios vermelhos e úmidos da musa
liberto com fogo a inspiração,
a textura suave do corpo suspiroso
da vida, a minha canção!
Toco-lhe, puro instrumento para arte,
e descubro em suas linhas
as notas mais altas da verdade.
Descendemos de parte eterna
dos antigos deuses pagãos,
deixe que os incrédulos passem!
Vestidas de escuridão e estrelas,
dancemos noite à dentro
que as horas correm longe!
Empinemos a taça dos desejos,
consagremos à existência sem receios!
As pétalas de outono desfazem
o céu em pequenos fragmentos,
em mil estrelas a celagem
declina em profundos tormentos.

Nos cristais de seus olhos a miragem
de mortes em segundos de momento
E luzes de explosões que se refazem
Em pétalas de outono no firmamento

Espelhos se partem em elipses,
cheias de pelas e materiais,
véu, vento e eclipse,
Construindo de outono catedrais

Em densos rubros murais
todas as cenas estão expostas,
antigos ritos teatrais,
pétalas de outono sem resposta.

O claro anjo esta no ar
inundando de perigosos sentimentos,
Fina seda de tétrica beleza, ímpar,
pétalas de outono em pensamentos.

Choram nossos fingimentos
no verão de seus vitrais!
Queimam as pétalas de nossos tempos
sem outono e nada mais.
A misteriosa branda face tua,
velada de indissociável treva,
Sorris brumosa e sinistra lua!
Fenda na dádiva de Minerva!

Ergue teus olhos, maldita lira,
tange a canção da dor infinita!
Que covardia insólita
Faz esconder-te na ira?

Tuas cordas têm o som
rangente das forcas,
é o tom da pedra-coração
que por misérias tu trocas.

Tens qualidades baixíssimas,
alma de cortesãs imundas,
liberta no culto às magias lascivas
das paixões impuras.

Dos cantos que tua música prova,
dor e destruição ressoam,
ecoam em tua desonrada trova
os sentimentos que te abandonam.

Vês? Decadente é tua fuga.
Teus ouvidos se voltarão às odes,
escape então, enquanto podes
tua obra é tua verduga.

Voe pássaro condenado,
a covardia é teu espaço,
quando te aproximares de superfície, em laço
numa armadilha certa serás devorado.

sábado, 27 de junho de 2009

Minha intenção era das melhores, fazer as pazes.
Hoje eu rasgo a realidade com as unhas, puxo a pele fina que se enrola, só existe escuridão.
Observo o cotidiano distante, pessoas que passam, conversas vazias, por dentro contraio, traído, na dor.
São ratos e baratas que roem a nossa vida, o desejo é abstrato.
Só há escuridão.
Respirando a imundice do mundo sorrio para fantoches vazios de alma com um buraco no lugar do coração onde esta a escuridão.
Esse quadro surreal se desmancha num borrão... Explosões distantes...
Da caixa escura dos meus pensamentos surgem seres que se contorcem e com as mãos retiram fios vermelhos do estomago e oferecem como prova de vida, “veja” eles falam e caem ecoando pelo chão, a neblina negra os devora.
Dedos e sangue se misturam: pele, olhos, sobrancelha... Tudo estremece numa oscilação venenosa, da escadaria vem a destruição e vai embora.
Aos poucos a realidade se levanta, ela sempre volta. Recolho fragmentos de passado e faço o sentido do agora, aprendemos a sobreviver um dia e isso nos escora.
Meu juízo me repreende e dá risada... Não há fuga mais insana do que fazer piada...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Minhas asas se abrem
Nesse rito ao amor total
Minha alma se liberta
De todo grilhão fatal

Não há dor que atinja
Minha distante fortaleza
Tenho a força do dragão
E o brilho lúcido
Da estrela da manhã

O meu poder é imenso
E tudo o que eu quero
Eu tenho

Com a lâmina da espada
Abro todos os caminhos
Com o fogo sempre alto
Purifico os sacrifícios

Ando pela escuridão
Como em minha casa
A minha força é imensa
De fulgor fascinante

O vento leva o meu desejo
E o faz realidade
Todos os que se colocam
Em meu caminho
Sofrem eternas máculas

O meu poder é imenso
Todas as forças me protegem
Tudo o que é lançado contra mim
Volta três vezes mais e maior

A noite me fortalece
E nos reinos submersos
Minha magia se renova

Minha visão é clara
Meu clamor é alto
Meu poder é imenso

Eu vejo através das chagas
Trago paz aos amigos
E dor aos inimigos

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Primeiro eu cai, e achei que não mais levantaria... Senti a amargura, olhei para o abismo, toquei a escuridão.
A noite acariciou meu rosto, cobriu meu corpo, me levou pra casa.
Quando abri os olhos já era tããão tarde... Mas noite e mais nada.

No submundo do meu ego ofereci a realidade, no altar do desespero depositei a castidade.

Em troca o mal carregou meu coração para o mundo gelado, e minhas asas se libertaram.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Machuco minhas costas com as unhas, não há dor. Esta tudo caindo.
O tempo derruba tudo, os sonhos, os cabelos na pia...
Paro diante do mais imenso medo,
não posso encarar...
É uma tragédia, um fim, para um recomeço assustador.
Não, esse não. Não.

A lâmina tem uma ponta útil, mas não esta afiada.
Eu não exagero em nada.
Não há.

O sono me leva para o amanhã, apelo para deuses e demônios, não sou nada fiel, ofereço alma, incenso, vela, papel... Peço pra fumaça levar meu pedido longe... Ninguém responde.

De quanto medo é preciso para a covardia apelar para o ultimo sono?

De quanta coragem sobre a covardia estamos falando? Essa é uma negociação. A caixa vermelha, o céu profundamente negro, claridade artificial.

Eu prometo, e juro, e silencio.

A caixa vermelha entre os livros.

Céu profundamente negro, nuvens sutis.

A claridade artificial em letras.

Nem posso olhar, fraco que sou, um verme.

Caminho distante até a prateleira de livros, afasto, pego a caixa, abro vermelha, dentro lamina virgem, coloco no altar, a luz da lua alcança.

Se é pra ser o mau, que seja poético.
Calmaria combinada com profunda apatia
Em condições irreais o que mais se esperaria?
Em uma curva adulterada mais uma rasteira da vida
Numa noite onde até lua morria
AS portas estavam expostas
Mas não se propôs um único viajante
A vigília dos sonhos esteve viúva
E nos céus não havia estrela alguma
Porque a morte caminhava
Entre insones desesperos
Profundamente congelados
Nas almas de velhos amantes.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Meu coração está vazio. Não há.
Quando algo precisa mudar ou morrer qualquer uma das escolhas causa dor.
Nem sempre mudar é a escolha preferida, é muito mais fácil desistir. Não há nada de errado em ser covarde, apenas é triste.

E a tristeza sempre vem, não importa como, às vezes fica por muitos anos, nos acompanhando como uma sombra, outras vezes apenas nos acaricia e vai embora, voltando de quando em quando... mas sempre vem, de um jeito ou de outro.

Pensar na tristeza como algo bom deixa tudo mais fácil. Precisamos entrar em nós mesmos, observar com calma, é uma dádiva que a tristeza proporciona, nos faz encontrar tempo (tão escasso hoje em dia) para a reflexão, para a arte, para a música, a poesia... Para emoções tão pessoais e profundas que esquecemos na praticidade do dia-a-dia.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Escrevi pequenos versos pra você em todo o livro da minha vida
Enquanto me dizia o quão enfadonho era isso
Minha poesia gritou, chorou, resmungou... E ficou longe
E como me senti sozinha!
Por sua companhia o preço foi alto, hoje vejo, alto demais.
Recolho as folhas e as letras e as embalo junto ao peito, queridíssimas amigas.
Elas soluçam e assopram o pó e a sujeira dessa alma abandonada

Sinto um sorriso sincero e tímido no meu coração.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Vejo-lhe encolhida sob escombros, no nada. Mais um corte no seu amor.
Ah, você não a aprende que os monstros se aproximam em forma de anjos... Veja agora, quanta dor.
Faço o que posso, sento e faço parte do silêncio, a noite lhe envolve com seu manto e juntos lhe fazemos invisível por algum tempo.
Consertamos o estrago, mais um! Pobre coração, todo remendado.
Seres escuros correm pelos cantos, atraídos por essa aura densa, não tenha medo, veja que, como uma muralha, se põem ao seu redor, sua laia.
Duvide sempre de quem tenta lhe convencer que para a beleza só tem um lado, que a maldade só tem uma face.
Arrastam-lhe sempre para a luz, lhe despem e abandonam. Qual absolvição?
Se é na noite que vivem os sonhos, e as vozes enganosas lhe revelam suas maldades... É onde nós estamos, junto às sombras, onde apenas os nossos se encontram. Cada ser tem seu lugar no mundo, não lhe parece evidente que, com tanto a ser visto, cada um encontrasse seu caminho em vez de seguir um único fluxo?

Minhas mãos, frias como as suas, tocam o seu rosto, reconheça seu lar, sinta com mansidão a sua vida.

terça-feira, 10 de março de 2009

Quanto mais experimento a vida, mais aprendo como estamos, cada um de nós, completamente sós.
Pessoas e mundos passam por nós como furacões, sacodem nossa ordem, depois deixam aquela sujeira que sempre estamos limpando, lagrimas num canto, sorrisos pelo chão, fotos que ficam amareladas na memória. E acumulamos varias caixas antigas de lembranças, todas diferentes, mas se não colocamos etiquetas não as diferenciamos.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Os sentimentos são como vasos finos, em que guardamos um vinho docemente seleto que enriquece com o tempo.
Uma vez quebrado um desses vasos, todo o liquido se perde, escorrendo pelo chão e se misturando com as impurezas das quais estavam protegidos antes.
É possível limpar toda a bagunça, secar e recolher os pedaços. Este pode ser um vaso querido, daqueles que tentamos colar, mas mesmo que os cacos sejam colados os pedaços mais finos sempre se perdem e ele nunca mais será o mesmo, ou nunca conservará com tanta propriedade um bom vinho.

terça-feira, 3 de março de 2009

Papo no ônibus:

-Antigamente as pessoas achavam dinheiro no caminho, hoje elas põem a mão no bolso e acham que ele está furado. Se eu fosse presidente ia mandar matar todos os pobres, pois assim os ricos teriam de viver comendo grama.
Ora, se somos nós que colocamos comida na boca deles e não temos valor algum. Veja só se quatrocentos cruzeiros é valor de um trabalhador? Digo, pois sei que não sou valorizado.
Pobre quando ri pode ver que tem algo errado. Rico ri á toa. Quando o presidente aparece na televisão é pra gozar com a gente, e os deputados todos põem as mãos na barriga e balançam as banhas.
Estou vendo o futuro onde vão parar de inventar esses carros e vão colocar os ricos pra andar nas costas dos pobres, como faziam antigamente, com as “pessoas de cor”, pegavam os pobrezinhos de perna fina, porque os de perna grossa eram vagabundos.
Prefeito bão são aqueles do cemitério, lá não tem batida de carro, buraco na rua, esgoto no chão...
E eu tenho a perna fina...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Tudo me cobra minha gordura, minha liberdade, meus vícios. Não há saída dessa roda da vida - e se há, é altamente pouco recomendável.
Qualquer merda é mais santa e mais pura.
Aquele bolo que não cresceu refletiu a minha tensão, mas o chocolate salva qualquer alma, bendito mal.
Puta bolo problemático, não quis ficar na fôrma, com laranja e cenoura ainda é todo perigoso, deformado, mais ainda assim interessante... Tem muito a ver comigo...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Gastei meu ultimo fumo com insultos e aquela dorziiiinha...hum.

A noite dos poetas loucos soa descargas distantes. Diz tanto... Distúrbios doentios desprendem-se para enroscarem-se na rede.

Reconheço passos frios e sem estrelas, e toda lealdade que acompanha a saudade num amanhecer cinzento.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Ah, não olhe assim tão longamente distante, esse sorriso fotográfico. Pra onde foi tudo? Em que umbrais? Que maldição tornou seus dias cheios de ais?

Há fugas desesperadas pelas noitissimas horas, todas as saídas são armadilhas de volta.

Sua infelicidade velada envenena a conta gotas todos os seus amores, a culpa é toda sua, mas fuja, fuja...

Não há profecia que valha covardia e os nódulos escuros nos corações amigos, mas seu fim solitário será esquecido.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

A chuva caindo, e o sentido da vida? O sentido da ida? A nostalgia noturna me pega nos pelos, na pele. A força vai acabar.

Ouço o vento trazendo gritos e sussurros indissociáveis, mundos distantes.

Seus dentes me lembram sua caveira, é a parte mais profunda de você nas fotos... E nos fatos. Eu nunca tive forças pra usar uma faca.
Se te pego nesses sonhos não sobra nada, aliás, vocês todos!

Nas armadilhas da memória misturo álcool e fogo e transformo fantasias, nostalgia maldita.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Eu na porta, com o baralho na mão, pronta para o jogo, observava andar ruidoso o distraído.

Gosto-te assim, louco, na mesa te passo um As, atiro o cigarro vaporento longe, enquanto analiso extasiada suas copas: Como pôde?

Quando a mesa caiu a briga já estava na parede, no chão, nos copos... Aquelas copas...
Pego do maldito cigarro e ponho fogo

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Inicia-se a investigação do futuro do passado, chuvoso, entre bolor e fungos. O início do contorno das portas para a desesperada fuga desse poeta sem musa. Janelas para fora já não bastam, o ar dessa prisão envenena o coração.
Desejo espelhos que reflitam além. Busco as sombras companheiras e os ventos sussurrantes, preciso ouvir a voz da noite, reaprender o silêncio.
Levaram-me as asas da pena, meu antigo amigo, de quanta dor sua falta é feita? Que vazio tão grande a sua ausência! Por favor, volte, pegue minha mão.
A mente solitária já não vaga, a fumaça rodopiante já não diz nada. Aceite minha falta de lagrimas como sincera punição, o castigo doloroso para nossa separação. Preciso da lamina afiada da sua ironia, da densa presença que mantém tudo distante e da suave balada das suas soturnas palavras.
Somos a mesma essência, a mesma alma, poeta e musa, verso e musica, que separados não dizem nada. Seja bem vindo, sou seu abrigo e protetor. É tempo de reforçar antigos laços