Minha
intenção era das melhores, fazer as pazes.
Hoje eu
rasgo a realidade com as unhas, puxo a pele fina que se enrola, só existe
escuridão.
Observo o
cotidiano distante, pessoas que passam, conversas vazias, por dentro me encolho,
traído, na dor.
São ratos e
baratas que roem a nossa vida, o desejo é abstrato.
Só há
escuridão.
Respirando
a imundice do mundo sorrio para fantoches vazios de alma e com um buraco no
lugar do coração, onde esta a escuridão.
Esse quadro
surreal se desmancha num borrão... Explosões distantes...
Da caixa
escura dos meus pensamentos surgem seres que se contorcem e com as mãos retiram
fios vermelhos do estomago e oferecem como prova de vida, “veja” eles falam e
caem ecoando pelo chão, a neblina negra os devora.
Dedos e
sangue se misturam, pele, olhos,
sobrancelha... Tudo estremece numa oscilação venenosa, da escadaria vem a destruição
e vai embora.
Aos poucos
a realidade se levanta, ela sempre volta. Recolho fragmentos de passado e faço
o sentido do agora, aprendemos a sobreviver um dia e isso nos escora.
Meu juízo me
repreende e dá risada... Não há fuga mais insana do que fazer piada...