quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

"criaturas que têm nos lábios o sorriso e no coração o veneno"




"...
A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura. Entretanto, a educação e a frequentação do mundo podem dar ao homem o verniz dessas qualidades. Quantos há cuja fingida bonomia não passa de máscara para o exterior. O mundo está cheio dessas criaturas que têm nos lábios o sorriso e no coração o veneno.
A essa classe também pertencem esses homens, de exterior benigno, que, tiranos domésticos, fazem que suas famílias e seus subordinados lhes sofram o peso do orgulho e do despotismo, como a quererem desforrar-se do constrangimento que, fora de casa, se impõem a si mesmos. Não se atrevendo a usar de autoridade para com os estranhos, que os chamariam à ordem, acham que pelo menos devem fazer-se temidos daqueles que lhes não podem resistir. Envaidecem-se de poderem dizer: "Aqui mando e sou obedecido", sem lhes ocorrer que poderiam acrescentar: "E sou detestado."

Não basta que dos lábios manem leite e mel. Se o coração de modo algum lhes está associado, só há hipocrisia." - Lázaro. (Paris, 1861.)